Você está sendo você mesmo… ou apenas o que a empresa quer que você seja?
No mundo corporativo, muitos líderes dizem valorizar a autenticidade — mas esperam comportamentos padronizados, discursos filtrados e decisões que evitem atritos.
Neste artigo, trago o paradoxo da autenticidade: ser verdadeiro consigo mesmo pode te tornar “diferente demais” — e isso nem sempre é bem-visto.
Inspiro-me no mito de Prometeu, que ousou desafiar os deuses para entregar o fogo à humanidade… e pagou um alto preço por isso.
Um paralelo direto com executivos que defendem princípios éticos, uma cultura mais humana, ou inovação real — e são penalizados por isso.
Leia o artigo e descubra:
• Por que muitos líderes autênticos se tornam “incômodos”
• Como sobreviver (e influenciar) sem se anular
• O que grandes empresas podem aprender com esse paradoxo
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A recompensa de ser autêntico pode ser o isolamento. Mas o preço de se moldar é perder a si mesmo.
A metáfora de Prometeu: ousar ser diferente tem um preço
Na mitologia grega, Prometeu foi o titã que ousou desafiar os deuses para beneficiar a humanidade. Ao roubar o fogo divino e entregá-lo aos homens, deu início ao progresso, à luz, à consciência — mas pagou caro por isso. Zeus o condenou a ter seu fígado devorado por uma águia diariamente, num ciclo eterno de dor e regeneração.
Prometeu não buscava glória pessoal. Ele apenas acreditava que a humanidade merecia algo melhor. A ousadia de manter-se fiel ao que acreditava o tornou solitário, mas também eternizou seu legado como símbolo de coragem, consciência e sacrifício.
No mundo corporativo, muitos líderes vivem o mesmo dilema. Ao tentarem manter a autenticidade em ambientes hostis, onde a cultura é tóxica e os incentivos premiam o conformismo, acabam se tornando “estranhos no ninho”. Ser você mesmo, nesse contexto, pode te tornar perigoso — diferente demais.
Por que falar sobre isso?
A autenticidade está entre os valores mais desejados por talentos e consumidores no século XXI. Pesquisas de employer branding e marketing mostram que as pessoas querem trabalhar com e comprar de marcas e líderes genuínos, com propósito claro e valores vividos na prática.
Contudo, nas entranhas de muitas empresas, o discurso não condiz com a realidade. A cultura organizacional ainda premia a conveniência, o silêncio, o “politicamente correto”, mesmo diante de erros graves. Quem ousa dizer que “o rei está nu” (escrevi um artigo sobre a fábula aplicada ao mundo corporativo) corre o risco de ser exilado — ou ignorado.
O paradoxo é cruel: a empresa diz valorizar a autenticidade, mas pune quem a pratica.
O líder autêntico em um mundo artificial
Imagine um executivo que assume uma diretoria com o compromisso de mudar padrões nocivos. Ele lidera com empatia, ouve a equipe, questiona processos injustos e recusa práticas antiéticas. No início, é elogiado. Logo depois, passa a incomodar. A frase “sempre foi assim” vira um mantra disfarçado de resistência.
Essa história é real — e recorrente.
Muitos executivos enfrentam burnout não pelo excesso de trabalho, mas pelo excesso de dissonância: precisam escolher entre o que acreditam e o que o sistema exige.
Um estudo da Harvard Business Review mostrou que líderes que suprimem seus valores para se adaptar acabam se tornando menos eficazes, menos respeitados e mais infelizes.
Casos reais: quando a autenticidade custa caro (ou vale ouro)
- Rachel Maia (ex-CEO da Lacoste e Pandora Brasil) Rachel sempre levou para o mundo corporativo sua história de superação, origem periférica e compromisso com diversidade. Em diversas entrevistas, ela relatou que sua autenticidade foi, por vezes, questionada em ambientes onde “ser diferente” não era confortável. Mas ela persistiu — e virou referência em liderança inclusiva.
- Cristina Palmaka (SAP Brasil e América Latina) Ao assumir a presidência da SAP no Brasil, Cristina foi clara sobre seus valores de inclusão, transparência e gestão humanizada. Em um setor dominado por homens e linguagens técnicas, ela manteve sua postura firme, empática e ética — e levou a SAP a ser reconhecida como uma das melhores empresas para trabalhar.
- Casos opostos: o escândalo da cultura tóxica na Away, nos EUA Steph Korey, cofundadora da startup de malas de viagem, se dizia defensora do “propósito e da cultura forte”. Internamente, porém, as mensagens revelaram práticas abusivas, controle excessivo e humilhação de funcionários. A autenticidade era só discurso. O preço veio em forma de cancelamento, saída forçada e reputação arranhada.
O dilema em cargos de liderança
Para um líder, ser autêntico exige coragem. Mas também exige estratégia. É preciso criar alianças, comunicar com inteligência, construir autoridade antes de confrontar o sistema.
Liderar com autenticidade não é ser ingênuo ou reativo. É ter firmeza de valores e flexibilidade de métodos.
Dicas práticas para líderes que desejam manter a autenticidade:
- Defina seus inegociáveis. Quais valores você não está disposto a comprometer, mesmo sob pressão?
- Construa aliados. A autenticidade isolada vira ruído. Com aliados, vira movimento.
- Comunique com sabedoria. Ser direto não é ser bruto. Escolha as batalhas e os canais.
- Seja exemplo. Autenticidade sem coerência vira contradição. Pratique o que prega.
- Cuide da saúde mental. Viver em dissonância por muito tempo desgasta. Busque apoio — pessoal e profissional.
Autenticidade é estratégia — não fraqueza
Líderes que ousam ser autênticos não são “bonzinhos” ou “idealistas”. São estrategistas que entendem que culturas fortes e sustentáveis se constroem com verdade, e não com verniz .
Empresas que abraçam a autenticidade de seus líderes e colaboradores constroem legados mais duradouros, inovam com mais agilidade e criam ambientes mais saudáveis.
Mas, como Prometeu, é preciso estar disposto a pagar o preço — e lembrar que, no fim, o fogo da autenticidade pode iluminar o caminho de muitos.
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