“Reconheça o afortunado de modo a poder escolher a sua companhia e o desafortunado para poder evitá-la.” (Baltasar Gracian, 1601-1658)
Por que alguns iniciam a semana de trabalho na segunda-feira com incrível mau humor e, por outro, lado festejam a sexta feira?
Desejar a chegada do fim de semana para o merecido descanso e dedicar-se a atividades outras que não o trabalho é perfeitamente aceitável. Contudo, é preciso reconhecer que o trabalho mais do que tudo deve ser uma atividade gratificante e agradável inclusive para preservar a saúde física e mental.
Muitos diagnósticos têm sido feitos para esse sintoma, mas a maioria deles não ataca as verdadeiras causas da insatisfação no trabalho. Fala-se em motivação (como se pudéssemos motivar alguém), falta de engajamento, problemas com o “chefe” e por aí vai…
Uma causa pouco abordada refere-se à cultura organizacional. Mas o que é essa cultura? As organizações possuem vida própria e, assim, criam a sua “cultura”?
É preciso lembrar que organizações são criadas por pessoas e elas implantam e disseminam a forma de operar e fazer negócios, a maneira como relacionamentos internos e externos são conduzidos, a ética e principalmente, os VALORES da organização. Mas o que são valores? Valores são o conjunto de características de uma pessoa ou organização que determinam a forma como se comportam e interagem com outros indivíduos e instituições; por exemplo: honestidade, ética, comprometimento, respeito, segurança, excelência, dentre outros. Pode-se afirmar que o conjunto de valores individuais é uma “constituição pessoal”. Quando falamos em valores, não existe certo ou errado, bom ou ruim – pessoas e organizações têm seus valores e vivem e agem de acordo com eles.
Todas as organizações agem e operam de acordo como os seus valores – em alguns casos os que são efetivamente praticados diferem do que está declarado, escrito e colocado nas paredes como “peças de marketing” interno; enfim aquilo que chamamos de “cultura da organização” é a representação dos seus valores internos.
Organizações eficientes que estão em constante processo de evolução e transformação têm em comum uma cultura organizacional consolidada que é a base para as estratégias de curto, médio e longo prazo do negócio. Ocorre, que, não existe fórmula mágica para definir e estabelecer cultura e valores que sirvam para todos os segmentos de negócio; assim, existem organizações com gestão participativa que priorizam o fator humano incentivando seus colaboradores a assumir riscos. E, no outro extremo, estão as organizações do estilo “top down” onde metas são estabelecidas para serem cumpridas a qualquer custo.
Este é o ponto crucial: colaboradores que não compactuam dos mesmos valores da empresa não se adaptam à cultura organizacional. Passam a maior parte do seu tempo questionando, lamentando e tentando por todas as formas mudar a organização – o que é IMPOSSIVEL.
Em minha atuação como coach executivo atendi muitos executivos de “sucesso”, mas totalmente infelizes e insatisfeitos com a posição e a atividade que exercem. Dois exemplos recentes:
- Um diretor de grande empresa multinacional recebeu uma oferta para assumir posição em nova empresa com pacote de remuneração 45% superior ao que recebia; aceitou rapidamente e logo após assumir constatou que o clima organizacional na nova empresa era extremamente agressivo onde os fins sempre justificavam os meios. Seis meses após ser admitido saiu em busca de nova posição…
- Um alto executivo com perfil realizador e avesso à burocracia, após 20 anos em uma grande empresa líder no seu setor está prestes a deixá-la em razão das sucessivas mudanças ocorridas no comando que geraram uma guinada de 180º na cultura da organização que passou a privilegiar a gestão participativa e as negociações internas em detrimento de resultados (segundo ele).
Uma das conclusões, é a de que recrutadores devem atrair candidatos a vagas para contratação cujos valores estejam alinhados com os da organização. Caso contrário, o recém-admitido será um “peixe fora d´água”.
E quanto aos colaboradores:
- Uma regra de ouro para aqueles que buscam uma nova posição no mercado é, independentemente da remuneração, não aceitar uma oferta de emprego sem antes conhecer a fundo e avaliar os valores e a cultura da organização – como a empresa opera, a ética, o respeito, a forma de gestão, o estilo das lideranças. Ou seja, da mesma forma que os recrutadores avaliam os seus potenciais candidatos, estes devem avaliar a organização em que irão trabalhar.
- Já para aqueles que estão insatisfeitos em razão dos seus valores básicos – aqueles denominados “inegociáveis” como honestidade e respeito, por exemplo – serem diametralmente opostos aos da organização o caminho será buscar uma nova posição e, assim, transformar os dias da semana em um período agradável e gratificante.
E você, como se sente em sua atividade profissional? Acorda às segundas-feiras com brilho no olhar? Ou fica esperando ansiosamente a chegada da sexta-feira?
Se respondeu sim à última questão, algo está errado. Se você e o seu trabalho forem como dois elementos que não se misturam – como água e óleo – e não consegue mudar e flexibilizar os seus valores (que não sejam aqueles denominados “inegociáveis”), a solução será buscar novos caminhos…
Gostou do artigo? Quer saber mais sobre cultura organizacional? Entre em contato comigo. Terei o maior prazer em ajudar.
Walter Serer
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