Nem sempre o maior problema nas organizações é o que se ouve. Às vezes, é o que se cala…
Nos corredores corporativos, há dois tipos de silêncio: o que representa foco — e o que denuncia cansaço.
Entre esses extremos, surgem dois fenômenos que estão redefinindo a forma como líderes enxergam o engajamento: o Quiet Quitting e o Loud Quitting.
O primeiro é discreto, quase imperceptível: profissionais que permanecem na empresa, mas desistem por dentro.
O segundo é explosivo: colaboradores que rompem o vínculo com barulho, tornando pública a insatisfação que antes era contida.
Ambos têm a mesma origem — o desalinhamento entre propósito, cultura e liderança — e um mesmo efeito: o enfraquecimento silencioso (ou ruidoso) do futuro das organizações.
Neste artigo, convido você a enxergar o que muitos líderes ainda não veem: o lado invisível do desengajamento que mina a produtividade, corrói a confiança e ameaça o que toda empresa mais precisa para sobreviver — o comprometimento genuíno das pessoas.
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1. O que é Quiet Quitting — e por que líderes deveriam se preocupar
O termo Quiet Quitting se popularizou após a pandemia, mas descreve um fenômeno antigo: profissionais que estão fisicamente presentes, mas emocionalmente ausentes.
Eles cumprem tarefas, entregam o mínimo e evitam qualquer envolvimento além do estritamente necessário.
Diferente do que o nome sugere, não há uma “demissão” de fato — o que existe é uma renúncia silenciosa à motivação, ao engajamento e ao propósito.
No ambiente corporativo, o quiet quitting é perigoso porque não gera barulho: ele corrói a cultura por dentro, de forma quase invisível.
🚩 Principais sinais de Quiet Quitting
- Reuniões silenciosas, sem ideias novas.
- Entregas corretas, mas sem brilho.
- Falta de curiosidade e aprendizado.
- Distanciamento emocional do time e do líder.
- Frases comuns: “não é minha função”, “faço o que me pedem”.
Quando muitos profissionais entram nesse modo silencioso, a empresa ainda funciona — mas para de evoluir.
2. O que é Loud Quitting — o barulho do limite
Se o quiet quitting é o silêncio do desengajamento, o loud quitting é o grito do esgotamento.
Acontece quando o colaborador não aguenta mais calar: reclama, critica publicamente, desafia decisões e, muitas vezes, sai em alto volume.
É o desfecho de uma relação profissional que se desgastou sem diálogo.
O loud quitting não é um ato isolado de rebeldia: é um sintoma organizacional de lideranças ausentes, culturas rígidas ou metas inalcançáveis.
💥 Sinais de Loud Quitting
- Conflitos abertos em reuniões.
- Postagens nas redes sociais expondo insatisfações.
- Ironias e sarcasmo no ambiente de trabalho.
- Saídas de colaboradores de alto desempenho.
Quando o barulho chega, o dano já está feito. O loud quitting é o eco de todas as conversas que não aconteceram antes.
3. Quiet e Loud Quitting: dois lados da mesma moeda
Embora diferentes na forma, os dois fenômenos têm uma mesma raiz: a falta de conexão humana e propósito.
O colaborador que silencia e o que grita compartilham um sentimento comum — não são mais ouvidos, reconhecidos ou inspirados.
A cultura corporativa que trata pessoas como recursos e não como relações cria terreno fértil para ambos os extremos.
O líder que ignora o “silêncio” da equipe logo terá de lidar com o “barulho” da rotatividade.
4. As causas mais frequentes do desengajamento
De acordo com estudos recentes da Gallup e Harvard Business Review, as principais causas de quiet quitting e loud quitting incluem:
- Liderança ausente – chefes que não dão feedbacks, não escutam e não reconhecem.
- Metas irreais – cobranças que geram ansiedade e exaustão.
- Cultura tóxica – ambientes de medo, fofocas e falta de confiança.
- Propósito desconectado – quando o “porquê” do trabalho se perde.
- Ausência de desenvolvimento – falta de plano de carreira, mentoria e aprendizado contínuo.
Esses fatores não se resolvem com bônus ou benefícios. São desafios de liderança e cultura.
5. Como os líderes podem prevenir o Quiet e o Loud Quitting
Líderes conscientes entendem que o engajamento não nasce de discursos, mas de relações de confiança.
A boa notícia é que é possível agir antes que o desengajamento se instale.
🔑 Ações práticas:
- Escuta ativa: promova conversas reais, não reuniões protocolares. Pergunte como a pessoa está — e ouça de verdade.
- Feedback contínuo: corrija e reconheça no momento certo, sem acumular meses de silêncio.
- Reconhecimento genuíno: celebre resultados, mas também esforço, aprendizado e atitudes.
- Segurança psicológica: crie espaço para discordar e errar sem medo.
- Mentoria e desenvolvimento: invista em crescimento humano, não só técnico.
Essas práticas não custam caro — mas exigem presença e coerência.
6. O papel da cultura corporativa
O que sustenta o engajamento não é o discurso da liderança, mas o ambiente que ela cria.
Empresas saudáveis possuem:
- Valores claros e vividos, não apenas emoldurados.
- Líderes acessíveis, que inspiram mais do que controlam.
- Ritos de comunicação que fortalecem o senso de pertencimento.
- Políticas que equilibram desempenho e bem-estar.
Quando a cultura é sólida, o silêncio se transforma em diálogo — e o barulho, em aprendizado.
7. O custo de ignorar o problema
Segundo a Gallup (2024), o custo do desengajamento chega a 34% do salário anual de um colaborador.
Isso significa que, em uma empresa com 100 funcionários, ter 10 “quiet quitters” pode representar milhares de reais em produtividade perdida todos os meses.
Além disso, o impacto invisível é ainda maior: clima organizacional ruim, perda de talentos estratégicos e queda na confiança da liderança.
Em tempos em que as pessoas buscam propósito e pertencimento, ignorar esses sinais é abrir espaço para a concorrência — não apenas de mercado, mas de cultura.
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8. Conclusão: do silêncio ao diálogo
O Quiet Quitting e o Loud Quitting são dois extremos do mesmo problema — e também dois convites à reflexão.
Um pede escuta. O outro exige ação.
O verdadeiro antídoto não está em campanhas motivacionais, mas em lideranças humanas, que saibam equilibrar resultado e relacionamento.
Quando o líder aprende a ouvir o silêncio e agir antes do barulho, o engajamento deixa de ser meta e passa a ser consequência.